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No Brasil, os meios de comunicação são essencialmente comerciais. Jornais, revistas, emissoras de rádio e TV pertencem historicamente a famílias de grande poderio econômico e político. Interesses privados – de donos e anunciantes - influenciam a pauta, o noticiário e a programação. É difícil imaginar uma mídia diferente. As poucas tentativas de se criar veículos com interesse educativo e cultural resultaram em canais de rádio e TV estatais, controlados por políticos, ou em emissoras com programação elitizada, quando não uma cópia do sistema comercial.  De que falo então nesta página? Refiro-me a uma mídia com financiamento público (verbas governamentais, taxas cidadãs e doações) que garanta independência editorial na discussão de temas relevantes à vida nacional e respeite a pluralidade de opiniões e vozes. Quanta falta isso tem feito, não é mesmo?  O que temos no espectro? Coberturas limitadas e/ou tendenciosas na grande mídia; fake news nas redes sociais – resguardadas as devidas exceções. 

 

Nunca precisamos tanto de uma mídia independente, conectada às aspirações sociais e com capacidade técnica para falar com os diversos públicos nas diversas plataformas e linguagens.  Querer mais não é utopia. Está aí a BBC de Londres, a NPR e a PBS americanas, a CBC canadense e outras emissoras públicas da Europa e da Austrália para mostrar a diferença. No Brasil, há um grupo de acadêmicos e profissionais envolvidos em atividades e pesquisas sobre o tema, entre os quais me incluo, ou em instituições não governamentais de lutas democráticas que defende o direito à informação e à comunicação. Chegou-se, inclusive à organização de um “campo público” de comunicação nos anos 2000 envolvendo emissoras estatais, educativas e comunitárias para a reafirmação da missão pública. O processo parou. Como bem apontou a economista Laura Carvalho em “Valsa Brasileira”, o país se movimenta para frente e para o lado; dá alguns passos para trás, rodopia e só depois avança.  Tivemos algumas conquistas importantes nas primeiras décadas deste século. Engatamos uma marcha ré. Chegou a hora de rodopiar e seguir em frente. 

 

 

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