Vi as imagens do Acampamento Terra Livre na TV. Havia algo novo ali. Um Brasil originário bonito, de cocares curtos e longos. Cores de Raoni e Guajajara. Não lembro de ter visto isto antes. Na TV. Indígenas em toda a sua beleza e dignidade. A presença de Lula, obviamente, deu visibilidade à mobilização dos seis mil indígenas que acamparam durante a semana em Brasília pedindo reparação de injustiças. O anúncio pelo governo da demarcação de seis terras tradicionais foi recebido com festa, cantos e danças, embora houvesse a expectativa de 14 homologações. As lideranças sabem que a disputa com os ruralistas não é, nem será fácil. Mas há - já dá pra ver até na TV - um novo mundo em gestação. E vale a pena ajudá-lo a nascer.
Talvez a palavra-chave desse novo mundo seja respeito. Imagens positivas da cultura e da causa indígenas ajudam o país a atravessar histórias doídas, como a da moça na foto, que só recentemente descobriu a ancestralidade indígena.
"Não há como saber a etnia. Isso sempre foi um segredo de família", explicou. Os avós de Joana "fugiram" do Ceará em busca do branqueamento em Minas Gerais. Uma velha tia, porém, queria ser o que era; gostava de andar nua e falava uma língua estranha que ninguém entendia. Foi internada como louca. "Só agora entendo", lamentou a jovem, em busca de suas raízes.
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